top of page

Felicidade: mito ou prática diária?

  • Foto do escritor: Sheyla Pereira
    Sheyla Pereira
  • 19 de nov.
  • 2 min de leitura
Cena fotorrealista de um parque movimentado (estilo Central Park) em dia ensolarado, com famílias fazendo piquenique na grama, crianças brincando, e cachorros correndo próximos a árvores frondosas.

A felicidade é frequentemente apresentada como um destino a ser alcançado, uma recompensa por escolhas acertadas ou conquistas bem-sucedidas. Essa visão, no entanto, pode gerar frustração e ansiedade, pois cria a ilusão de que estamos constantemente em dívida com algo que, por sua própria natureza, não é fixo nem permanente. Estudos em psicologia positiva mostram que apenas cerca de 10% da nossa felicidade está relacionada a fatores externos, como riqueza ou status social, enquanto os demais 90% dependem de hábitos, atitudes e práticas internas, como conexões sociais e autocuidado.


Viver não significa estar feliz o tempo todo. Alegria, serenidade, surpresa, medo, tristeza, raiva, todas essas experiências formam a tessitura da vida. A felicidade, nesse sentido, não é um estado constante, mas um conjunto de pequenos momentos de presença, de conexão consigo mesmo e com o mundo. É possível cultivá-la, sim, mas através de práticas diárias, não de metas inalcançáveis. Curiosamente, pesquisas indicam que atos simples de gentileza, como elogiar alguém ou oferecer ajuda, podem aumentar significativamente a sensação de bem-estar por até três semanas.


O primeiro passo é observar a própria vida com atenção. Prestar atenção às pequenas coisas que despertam bem-estar, o cheiro de café pela manhã, a conversa leve com um amigo, o toque do sol na pele, é começar a perceber que a felicidade se manifesta em gestos simples, muitas vezes invisíveis quando estamos ocupados demais em buscar o extraordinário.


Outro aspecto essencial é a gentileza consigo mesmo. A pressão para estar sempre alegre, produtivo ou satisfeito cria um ciclo de frustração. Aceitar que há dias difíceis, que há desafios emocionais e limitações, não é fracasso, é humanidade. Estudos mostram que a autocompaixão está fortemente associada à resiliência e à redução do estresse, ajudando as pessoas a lidarem melhor com fracassos e adversidades. Assim como as plantas precisam de sol, sombra e chuva para crescer, nós também precisamos de ciclos variados de experiência para nos desenvolver.


A prática diária da felicidade exige também atenção aos próprios valores. Perguntar-se, o que é realmente importante para mim, ajuda a orientar escolhas e a reconhecer quando estamos vivendo de acordo com nossos princípios ou nos perdendo em expectativas externas. Pequenos gestos, dizer não, estabelecer limites, cultivar momentos de silêncio ou lazer, constroem uma base sólida para um bem-estar que não depende de circunstâncias perfeitas.


Finalmente, a felicidade não é sinônimo de ausência de dor. Ela floresce quando conseguimos conviver com a vida em sua complexidade, com coragem, presença e compaixão por nós mesmos. Cada desafio enfrentado, cada emoção acolhida, cada instante de cuidado consigo mesmo é, na verdade, uma semente de alegria. A felicidade, portanto, não é um mito, mas uma prática diária, delicada, contínua e profundamente humana, apoiada tanto pela experiência clínica quanto por evidências científicas.

Comentários


SHEYLA PEREIRA
PSICÓLOGA – CRP 06/223959

Sheyla Santos Pereira – Psicóloga | CNPJ 62.192.645/0001-20
Todos os direitos reservados.

image.png
bottom of page